Um NAVIO que transportava 23 contentores de zinco radioactivo ficou encalhado na costa das Filipinas depois de ter sido rejeitado pelas autoridades locais.
O navio, que chegou da Indonésia há vários dias, permanece no mar porque nenhum local no país está disposto a aceitar a carga perigosa para armazenamento temporário ou eliminação.
De acordo com Carlo Arcilla, diretor do Instituto Filipino de Pesquisa Nuclear (PNRI), as autoridades portuárias de Manila não permitirão que o navio descarregue seus contêineres, a menos que um governo local concorde em assumir a custódia deles.
Arcilla disse que o material não representa uma ameaça imediata ao público, explicando que “há muito pouca radiação fora dos contentores” e que “a tripulação não está doente”.
A remessa consiste em pó de zinco contaminado com o isótopo radioativo césio-137.
Foi exportado das Filipinas para a Indonésia pela Zannwann International Trading Corporation, uma empresa comercial chinesa com escritórios em Manila.
Autoridades indonésias detectaram radiação na carga e ordenaram que ela fosse devolvida às Filipinas.
O PNRI rastreou o pó de zinco até a SteelAsia Manufacturing Corporation, o maior produtor de aço do país, e outra empresa siderúrgica local.
Os testes revelaram radioatividade apenas na fábrica de reciclagem de sucata da SteelAsia, na província de Batangas, ao sul de Manila.
A SteelAsia, no entanto, negou qualquer envolvimento, dizendo que “os contêineres não eram originários da SteelAsia”.
A empresa disse que não tem capacidade técnica e instalações para lidar com resíduos radioativos, acrescentando que “todas as sucatas compradas para fusão e produção são testadas quanto à radioatividade e nenhuma delas apresentou resultado positivo”.
A empresa também observou que o seu equipamento de monitoramento de radiação é calibrado regularmente.
Apesar de afirmar que não teve qualquer papel na contaminação, a SteelAsia suspendeu as operações na sua fábrica de Batangas “por precaução”.
O césio-137 é um isótopo radioativo artificial usado em dispositivos médicos e medidores industriais.
É também um subproduto da fissão nuclear em reatores e testes de armas.
A exposição prolongada ao isótopo pode aumentar o risco de câncer, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
A Indonésia está em alerta para a contaminação radioactiva desde Setembro, quando o césio-137 foi descoberto num centro de processamento de metal em Java Ocidental que fornece materiais para construção e fabrico.
A descoberta levou a Indonésia a suspender as importações de sucata em Outubro.
Uma investigação separada da Food and Drug Administration dos EUA, em agosto, encontrou vestígios de césio-137 em remessas de camarão congelado, levando a recalls por parte de várias empresas, incluindo o Walmart.
Arcilla disse que a prioridade imediata para as autoridades filipinas é localizar um local adequado onde os 23 contentores possam ser armazenados com segurança ou sepultados permanentemente.
O governo também está trabalhando para remover qualquer material radioativo que possa permanecer nas instalações da SteelAsia em Batangas e no armazém de Zannwann, que ele disse poder ser “substancial”.
Acrescentou que não houve incidentes de radioactividade detectados em carregamentos anteriores de Zannwann e que não pôde confirmar se o último caso estava ligado à contaminação descoberta na Indonésia.
O diretor de operações da SteelAsia, Rafael Hidalgo, disse que o PNRI informou à empresa em carta datada de 21 de outubro que testes realizados no início do mês mostraram contaminação por césio-137 em sua planta.
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“Mas contestamos isso”, disse Hidalgo.
Um comité interinstitucional composto pelos departamentos do interior e do governo local, ambiente, defesa e saúde está agora a investigar o caso.
