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A peça ‘Pactos para reflorestar a terra’ retrata 2040 na Maré Favela do Rio, onde ‘tudo o que permanece são as pragas e o poder do amor ancestral’ [REVIEW]

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A peça 'Pactos para reflorestar a terra' retrata 2040 na Maré Favela do Rio, onde 'tudo o que permanece são as pragas e o poder do amor ancestral' [REVIEW]


As irmãs lino se abraçam em um gesto de irmandade, enquanto enfrentam as repressões que viviam antes do colapso. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão jornal

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Através da dança, música, audiovisual e muitas risadas, duas queers negras encenam o fim da humanidade. Situado em 2040, quando a era pós-humana começa, a peça levanta as questões: o que é Complexo da maré Como então? Como a favela deles pode ajudar a reconstruir o mundo?

A peça Pactos para reflorestar a terramostrando no Rio de Janeiro Teatro SESC Copacabana Até 10 de agosto, começa com um clima de erotismo sutil e olhares intensos trocados com o público. Pouco a pouco, a performance se torna um turbilhão de sensações: trilha sonora cativante, críticas nítidas e uma performance de tirar o fôlego por Wallace Lino e Paulo Victor Linoas irmãs lino, que se chamam “as pragas” ou, como preferem, “as pequenas pragas. ”

“Não se trata de plantar uma árvore, é sobre como plantar amor e também sobre o que não plantar … queríamos criar uma peça que transborda de alegria, não tristeza.” -Desirée Santos, co-diretor

Em 2040, em Maré, um grupo de favelas no Zona norte do Rio de Janeiro, o mundo está entrando em colapso devido à intervenção humana, trazendo inundaçõesAssim, desmatamentoe Eventos climáticos extremos levando ao fim da humanidade. Apesar disso, em seu bairro, Morro do Timbauo preto, LGBTQIAPN+ As irmãs lino continuam resistindo. Acostumados a lutar para existir, eles agora se perguntam: como podemos reconstruir e reflorestar o mundo através da afeição, irmandade e as memórias ancestrais do amor da família que nos sustentaram durante a extinção da humanidade?

Nascido no nordeste do Brasil e criado em Maré, os artistas encenam suas próprias vidas: dois corpos desviantes que se destacam como parte do planeta, não acima dele. Com cadeiras de cerveja e praia em um telhado, Paulo Victor e Wallace habitam um cenário que se move entre reflexão e destruição, culminando na reinvenção do mundo através da favela. No futuro pós-humano, eles imaginam, embora a humanidade tenha chegado ao fim, a Terra permanece viva-com a possibilidade de reinvenção e, portanto, novos modos de vida.

Entre cadeiras de praia e um mais frio, Wallace Lino e Paulo Victor Lino refletem ternamente as mulheres que as moldaram, recriando memórias amorosas em seu telhado. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão Newspaper
Entre cadeiras de praia e um mais frio, Wallace Lino e Paulo Victor Lino refletem ternamente as mulheres que as moldaram, recriando memórias amorosas em seu telhado. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão jornal

Eles dançam, brigam, riem, se provocam, morrem e renascem. Todo gesto recua contra a lógica colonial, a normatividade e a violência que insiste em apagar corpos como os deles. A linguagem da peça é tão plural quanto suas emoções. Entre português, espanhol, francês e um idioma inventado (ensinado ao público ali mesmo), a comunicação se torna um ato coletivo, com a participação ativa do público.

Entre tapas e empurrões, as irmãs lino se chocam no palco. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão Newspaper
Entre tapas e empurrões, as irmãs lino se chocam no palco. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão jornal

Risos vêm facilmente com piadas sobre signos do zodíaco ou sendo viciado em grindr (um aplicativo de namoro gay), mas logo toma uma guinada emocional à medida que as irmãs lino evocam as mulheres que as moldavam: sua mãe nascida de novo, seus primos e sua tia “indecente” de Parque União– marcada como tal por vizinhos porque ela gostava de beber. Essas mulheres eram figuras centrais que deram carinho à dupla e liberdade desde tenra idade. As cenas são emocionalmente carregadas. Os próprios atores admitem que é difícil realizar certos momentos de suas vidas. Ainda assim, eles afirmam que encenar essas experiências dolorosas é essencial para dramatizar suas jornadas nesta versão distópica e afrofuturista de Maré.

Entre o riso, figurinos chamativos e fortes interações com o público, a produção desenvolve temas como o negligência do conhecimento indígena e a falta de conexão humana com a Terra, que é tratada apenas como um recurso a ser explorado e envenenado. A peça também convida o público, por meio de uma perspectiva LGBTQIAPN+ Favela, a pensar nessa nova construção, para imaginar possíveis futuros.

No final da peça, juntos, refletindo sobre a reconstrução do mundo através do carinho. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão Newspaper
No final da peça, juntos, refletindo sobre a reconstrução do mundo através do carinho. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão jornal

À medida que a peça termina, é difícil sair sem querer procurar nomes, histórias e memórias que já amor reflorestado longo antes do colapso da humanidade – as pessoas que se posicionaram contra a homofobia e as violações dos direitos humanos.

Em um certo ponto da peça, Paulo Victor dá vida João Francisco Dos Santosum temido e abertamente gay Malandro que se tornou um ícone LGBT+ no século XX. Uma figura lendária na cena boêmia do Rio de Janeiro, Madame satã– Como ele era conhecido – espere centro da cidade estágios e com ousadia Padrões Cishteronormativos.

Paulo Victor Lino se apresenta como Madame Satã, uma figura icônica nos círculos boêmios do Rio e na resistência LGBTQIAPN+. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão Newspaper
Paulo Victor Lino se apresenta como Madame Satã, uma figura icônica nos círculos boêmios do Rio e na resistência LGBTQIAPN+. Foto: Ana Cristina da Silva/O Cidadão jornal

“Não se trata do que falta, é sobre o que temos”, enfatiza Wallace ao incentivar o desempenho de Madame Satã de Paulo Victor. E, no final da homenagem, ele poeticamente completa: “Madame Satã precisava ser a brisa para que pudéssemos ser o vento”.

“É uma peça poderosa, vindo de um lugar que as pessoas geralmente desacreditam, mas isso tem muito a oferecer – com vídeos, presença corporal e linhas faladas que transmitem a mensagem de uma maneira leve”. – Kevin Santos, 27 anos, membro da platéia

Pactos para reflorestar a terra está aparecendo atualmente em Teatro SESC Copacabanade quinta a domingo às 19:00, até 10 de agosto. Há uma lista de convidados para pessoas trans, que lhes garante a entrada gratuita na peça. Para acessar o ingresso gratuito, os membros da platéia trans devem entrar em contato Entidade Maré via mídia social. Outros membros da platéia podem comprar ingressos diretamente na bilheteria do teatro: R $ 30 (~ US $ 5,50) Preço total, R $ 15 Preço da metade (~ US $ 2,75) e R $ 10 (~ US $ 1,80) para membros da SESC.

A peça é o resultado de três anos de pesquisa dos irmãos Wallace e Paulo Victor Lino, produzidos por IGidade Maré e dirigido por Desirée Santos e Renato Linhares.

Sobre o autor: Karen Fontoura é um estudante de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), um morador de Rocinha e um repórter do jornal da comunidade Fala Roçaonde ela coordena as comunicações institucionais e de projeto da organização. Ela trabalha com produção audiovisual, relatórios e promoção de iniciativas comunitárias.


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